quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Semáforo Inteligente

   A icterícia neonatal é uma doença caracterizada pelo excesso de bilirrubina no sangue, levando o bebê a apresentar pele, olhos e mucosas amareladas. Os sintomas costumam aparecer de um a dois dias após o parto e são conseqüência do fígado imaturo que não consegue converter a bilirrubina em substâncias inofensivas. Caso o bebê não seja tratado eficientemente, este composto pode se acumular no tecido nervoso ocasionando a morte de células. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 1,55 milhões de bebês ao ano apresentam estes sintomas.


                                                            Fototerapia
   O tratamento para a doença é feito de forma simples, utilizando uma técnica de banhos de luz, a fitoterapia, de preferência luz azul. Ela age convertendo a bilirrubina em um composto inofensivo ao organismo.
   No entanto, nem sempre a fitoterapia é feita de forma eficiente. Em alguns casos o bebe não é exposto à luz por tempo suficiente e nem de forma adequada. Pensando nisso, pesquisadores do Laboratório de Polímeros e Propriedades Eletrônicas (LAPPEM), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), desenvolveram um dosímetro, dispositivo de material orgânico luminescente, na forma de adesivo, que muda de cor ao ser exposto a determinada dose de radiação.
   Atualmente, o mercado já conta com um equipamento com funcionalidade semelhante, mas com uma composição totalmente diferente: os radiômetros de semicondutores orgânicos. No entanto, a literatura consta que tais materiais são muito ineficientes, como afirma o coordenador do LAPPEM, Rodrigo F. Bianchi.
    O adesivo deve estar fixado na fralda do recém-nascido durante a exposição à luz. Quando o tempo de exposição for suficiente, o adesivo passará da cor vermelha para a verde. Caso o exame de sangue confirme o sucesso, o procedimento pode ser interrompido.
   Dessa forma, o adesivo dispensa as várias amostras de sangue que são retiradas do bebê no processo convencional, sendo necessário uma única. Esta amostra final é necessária para confirmar a eficácia do procedimento. Além da economia, já que o selo custará no máximo R$0.10 e as seringas custam cerca de R$ 0.30, temos ainda um produto orgânico facilmente degradado pela natureza.
   O dispositivo desenvolvido pelos pesquisadores pode ter outras várias aplicações. No dia-a-dia estamos expostos às radiações e estas podem ser nocivas ao nosso organismo da mesma forma que podem ser úteis em alguns tratamentos, como os oncológicos. Ter um dispositivo que nos forneça uma análise quantitativa dessa dose de radiação é muito importante.
   O grupo pretende partir agora para testes clínicos, realizados com pacientes recém-nascidos em hospitais universitários, além de colocar o produto no mercado. Para isso, a transferência de tecnologia está sendo negociada com uma empresa do ramo de equipamentos hospitalares.

Fonte: Revista Minas faz Ciência nº34

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