Um sonho de mais de 150 anos se tornou realidade. Graças a um enorme esforço de projeto e engenharia foi concluída em novembro de 2010 a construção de um túnel subaquático de mais de 13.3 km de extensão que ligará os continentes Europeu e Asiático através do estreito de Bósforo.Mais que apenas um sonho de sultões, a obra era uma necessidade devido ao grande fluxo de pessoas nas pontes e embarcações através do estreito.
O túnel de Marmaray , como ficou conhecida a obra de proporções faraônicas, foi um verdadeiro desafio para os engenheiros. Primeiro devido ao fato de nenhuma construção ter sido jamais feito à profundidade necessária no Marmaray, incríveis 60 metros. Segundo, porque a região onde está localizada Istambul, cidade turca onde o túnel será construído, é caracterizada por uma altíssima atividade geológica, sendo certa a ocorrência de terremotos e maremotos. Como se isto não fosse suficiente, ainda existem as fortes correntes marinhas que dependendo da profundidade alteram sua direção. Como pode se ver, desafios é o que não faltava!
Os 13.3 km de extensão dos túneis e os seus 6 metros de altura tiveram que ser reforçados com aço e concreto para que fosse possível suportar a pressão de mais de 6 atmosferas que tentam amassa-lo. Como não era possível construir e transportar uma única estrutura com este tamanho colossal, foram feitos 11 segmentos metálicos de 135 metros cada que eram construídos em terra. Antes de serem concretados, estes segmentos eram levados para uma espécie de “banheira” enorme onde eram finalizados os trabalhos, dando a ele incríveis 18000 toneladas de aço e concreto. Finalmente as banheiras eram enchidas com a água vinda do mar e os segmentos passavam a flutuar e a serem ,com uma certa facilidade, guiados estreito a dentro até as plataformas responsáveis pela submersão. As “banheiras” foram uma forma inteligente de interligar os processos em terra ao mar, sem elas jamais seria possível transportar tamanho peso.
Os segmentos passavam por uma bateria de testes de segurança na plataforma de submersão. Estes testes garantiam que eles estavam hermeticamente vedados e que seriam capazes de submergir com segurança. Um problema enfrentado nesta etapa era o movimento de embarcações no estreito de bósforo, mais de 40 mil navios passam todo ano pela região, não sendo um canteiro de obras dos mais desejados. Assim, os enormes blocos de concreto vedados tinham que ser submergidos de forma segura e rápida. Para isso, os engenheiros contaram com 10 tanques de lastro ,que nada mais são que reservatórios de água distribuídos no interior do segmento para permitir que as correções necessárias durante a descida fossem realizadas.
Devido a iminência de terremotos e maremotos, foram feitas espécies de trincheiras reforçadas para prevenir que a junção do terreno arenoso mais o terremoto resultassem em um colapso do Marmaray. Além disso, foram feitas vedações especiais de borracha que além de vedarem os túneis também eram flexíveis para não se romperem ao longo dos tremores.Estas medidas juntamente com a estrutura reforçada de concreto e aço faz com o Marmaray seja capaz de resistir a terremotos de até 7.5 graus na escala Richter.
Apesar de todas as dificuldades que poderiam atrasar a obra, o que mais atrapalhou o trabalho dos engenheiros foi uma incrível descoberta: o maior sítio arqueológico de embarcações do século VI ao XI. Este sítio se localizava justamente em um dos pontos de escavação no continente. Alguns meses de trabalho tiverem que ser adiados para que o trabalho dos arqueólogos e historiadores fosse realizado e as mais de 5 mil peças pudessem retiradas deste incrível achado.
A inauguração da Marmaray está marcada para o dia 29 de outubro de 2013 quando a República Turca fará 90 anos. Este projeto que saiu dos sonhos para se tornar uma das maravilhas da engenharia custou mais de 2.5 bilhões de dólares.
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