A malária é reconhecida como uma grave problema de saúde pública no mundo, estando quase 50% da população em áreas de risco, em mais de 109 países e territórios. A estimativa é de mais 300 milhões de novos casos e 1 milhão de mortes por ano, principalmente em crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas do continente africano. Ela é de longe a doença parasita e tropical que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo, sendo superada em número de mortes apenas pela AIDS.O paludismo, como também é conhecida,é caracterizado como uma doença infecciosa, febril aguda cujos agentes etiológicos são protozoários transmitidos por vetores.
O principal vetor da malária é Anopheles, que adquire o protozoário quando pica algum indivíduo infectado.Este protozoário ,ainda em forma de gameta, se reproduz no interior do mosquito dando origem a novos esporozoítos, forma ativa do protozoário, que migram para as glândulas de sua saliva, estando prontos para infectar novos indivíduos.
Como os agentes etiológicos da malária são protozoários do gênero Plasmodium, que diferentemente de vírus e bactérias são seres eucarióticos, como nós humanos, o desenvolvimento de drogas que seja específicas para eles, não atingindo nosso organismo, acaba se tornando uma tarefa mais difícil. Além disso, estes parasitas têm a capacidade de gerenciar o processo de produção das proteínas presentes em sua membrana externa, proteínas estas que nosso organismo utiliza para reconhecer os agentes externos e desencadear as respostas imunológicas. Dessa forma, eles são capazes de confundir nosso sistema imunológico. Outra característica que torna o seu combate ainda mais difícil é a capacidade que tanto o protozoário como o Anopheles têm de se torna resistentes aos medicamentos.
Dá para se notar que combater a malária é algo quase impossível. Porém, nem tudo vai tão mal assim. Uma nova pesquisa feita com parasitas do Anopheles geneticamente modificados, buscando evitar que o vetor seja capaz de nos contaminar vem demonstrando excelentes resultados.
Os vetores da malária são mosquitos geralmente vulneráveis a diversos tipos de parasitas. Logo, os pesquisadores pensaram em introduzir parasitas neles, de forma que eles morressem antes que os protozoários fossem capazes de se desenvolver e contaminar seres humanos. Porém, os parasitas não demonstraram capacidade de matar rapidamente o mosquito, permitindo que tanto os mosquitos quanto os protozoários desenvolvessem defesas, algo que eles fazem muito bem.
Devido aos problemas encontrados, os pesquisadores modificaram uma espécie de fungos geneticamente. Assim, os fungos passaram a não atacar o mosquito, mas sim a produzir proteínas que atacavam aos parasitas.
Foram desenvolvidas diferentes proteínas, cada uma evitando de alguma forma que os parasitas fossem capazes de nos infectar. Uma das proteínas era responsável por revestir as glândulas salivares, impedindo que os parasitas fossem capaz de atravessa-las. A outra era um anticorpo que se ligava diretamente aos protozoários enquanto que uma terceira proteína, presente no veneno dos escorpiões, era responsável por mata-los.
Os resultados foram animadores. Enquanto que os fungos que não eram geneticamente modificados conseguiam diminuir em apenas 15% a quantidade de parasitas presentes nas salivas, o geneticamente modificado foi capaz de bloquear de 75 a 90%.
Apesar de os protozoários poderem guiar a evolução de forma a criarem estratégias para se protegerem das proteínas produzidas pelos fungos, os pesquisadores acreditam que isto não deve ocorrer, pois os fungo estão produzindo diferentes tipos de proteínas, dificultando o desenvolvimento de uma imunidade pelos protozoários. Além disso, estas proteínas produzidas são apenas algumas das várias opções que podem ser adotadas caso isto ocorra.
Quem sabe em próximas pesquisas não se desenvolvam mecanismos semelhantes para outras doenças como a dengue...
Fonte: arstechnica
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